O Brasil está morrendo de morte matada

Leônidas Correia das Neves*

Em artigo ‘Sobre a Morte e o Morrer’, publicado no Jornal Folha de São Paulo (12/10/2003), diz o psicanalista e professor Rubem Alves (1933 – 2014):

“Eu não tenho medo da morte, embora tenha medo de morrer! Morrer é trágico, degradante e às vezes pode ser humilhante”.

Em termos políticos e sociais, a observação de Rubem Alves soa como advertência para os homens que se propõem a administrar materialmente o Brasil e, ideologicamente, também planejam, orientam e conduzem a consciência dos brasileiros. Eis que:

O Brasil está morrendo de forma trágica, degradante e humilhante aos extremos.

No mesmo tom desanimador e desencorajador, em outro artigo, publicado no jornal O Estado de São Paulo, datado de 2016, caminha o cientista político Bolivar Lamounier ao asseverar que:

“Instituições não morrem de morte morrida, morrem de morte matada – e raramente de forma abrupta. Fenecem (ou se atrofiam) gradativamente, ao longo de um processo pontilhado pelo desprezo de alguns e pela prepotência de outros. E, sobretudo, por agressões e traições ao seu espírito. Por ações e omissões da parte dos dirigentes e representantes aos quais incumbe zelar pelos papéis que as distinguem, mas que em vez disso acabam contribuindo para a descaracterização deles”.

Assim está o Brasil:

Morrendo de morte matada, porquanto asfixiado pela depravação sexual, pela perversão e degeneração do caráter, pela corrupção que se alastra a velocidades estonteantes, enfim, pela ascensão vertical dos inúteis e criminosos de todas as sortes ao topo das hierarquias dos poderes nos municípios, nos estados e na própria presidência da república.

*Leônidas Correia das Neves é advogado, Mestre em Economia, fundador do Instituo Fênix de Orientação Política e Cidadania, escritor e autor do livro ‘Criminocracia: o poder do crime no Brasil’ (2014)

Leônidas Correia das Neves está terminando seu novo livro ‘Brasil, um país sem juízo: do big bang ao underdog’, com lançamento previsto para este ano de 2023. (Imagem: Divulgação/Instituto Fênix)