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Janja e CUT tentam culpar privatização da Eletrobras por apagão do dia 15
- conexaomorrense
- 17 de ago. de 2023
- 6 min de leitura
Atualizado: 18 de ago. de 2023
Governo já publicou no Diário Oficial decisão de retomar o controle da empresa

Erick Vizoki
O Brasil registrou um novo “apagão” de energia elétrica no último dia 15/08 (terça-feira), iniciado por volta das 8h30. A crise atingiu estados de todo o país e o Distrito Federal, ao mesmo tempo. Em alguns locais a falta de energia durou alguns minutos, em outros foram horas sem luz elétrica. Apenas Roraima não foi afetado, por estar fora do Sistema Interligado Nacional (SIN). Desde 2001, a energia provinha Venezuela, que cortou o fornecimento em março de 2019. Desde então, o fornecimento naquele estado é feito por termelétricas movidas a diesel.
Quase toda a Bahia foi afetada por cerca de 15 minutos, mas em alguns municípios, como Morro do Chapéu, a população amargou horas sem luz, e a normalização do serviço aconteceu por volta das 11h30 na cidade.
A Coelba Neonergia, concessionária de energia elétrica no estado, emitiu nota em que reconhece que foi um blecaute de grande proporção, atingido várias regiões. A companhia é responsável pelo fornecimento de energia elétrica para 415 dos 417 municípios baianos. “Uma ocorrência de grande porte no Sistema Interligado Nacional (SIN) afetou o suprimento de energia em diversos estados brasileiros. Mais informações sobre as causas da ocorrência devem ser disponibilizadas pelo Operador Nacional do Sistema (ONS)”, informou a companhia em nota. Segundo a empresa, 99% das cargas foram afetadas em todas as regiões do Estado. A ocorrência teve início às 8h31 e o processo de recomposição das cargas ocorreu gradativamente. O restabelecimento do fornecimento nas áreas atingidas iniciou às 9h03 e foi concluído às 14h07.
Causas apontadas
O governo federal, por intermédio do ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia), informou que o problema teve duas causas prováveis. A primeira razão foi uma sobrecarga em linhas de transmissão no Ceará. Segundo o ministro, a crise começou em uma linha da Chesf, subsidiária da Eletrobras na região Nordeste. “O evento zero, que iniciou esse processo, se deu na linha de Quixadá-Fortaleza, no estado do Ceará. Uma linha da Chesf, da Eletrobras. Foi um evento considerado, a princípio, de pequena magnitude”, afirmou o ministro.
Outra hipótese levantada por especialistas ouvidos pelo portal Poder 360 é que uma abrupta mudança no fluxo da geração de usinas eólicas e solares tenha feito o sistema cair por injetar mais energia que a capacidade das linhas de transmissão.
Segundo a matéria publicada no Poder 360, os números do ONS, responsável pelo SIN, mostram que a carga no subsistema Nordeste estava em 11.848 MW às 8h30. Houve pico de carga logo depois, alcançando 17.648 MW, às 8h31. Essa sobrecarga fez o subsistema cair automaticamente. A carga na região atingiu 6.542 MW, às 8h40. Só foi normalizada por volta de 14h42. “Houve uma elevação muito grande de geração no subsistema Norte e Nordeste. Foi injetada, nas linhas de transmissão de lá, uma carga de energia acima da capacidade e com isso o sistema desarmou, provocando um desequilíbrio de carga. E as outras regiões foram afetadas por intervenção do ONS, desligando as gerações para que esse problema que ocorreu, que foi grave, não se propagasse ao longo do sistema interligado nacional”, explicou Luciano Duque, engenheiro eletricista e professor do Ceub (Centro Universitário de Brasília).
Culpa de Bolsonaro
Antes mesmo de qualquer análise ou explicação técnica sobre os motivos que geraram o “apagão”, a primeira-dama Janja Lula da Silva fez uma postagem em sua conta no Twitter lembrando que a Eletrobras, responsável pela coordenação das empresas do setor elétrico no Brasil, foi privatizada em 2022. “A Eletrobras foi privatizada em 2022. Era só esse o tuíte”, escreveu Janja.

A estatal foi vendida em junho do ano passado, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi contra a negociação. Ele disse em fevereiro deste ano que o processo de privatização foi “quase que uma bandidagem” e defende que o contrato de participação do governo federal nas ações da Eletrobras seja revisto pela Justiça.
A Central Única dos Trabalhadores (CUT) também se manifestou poucos momentos depois da ocorrência da crise energética de nível nacional. Em seu site oficial, a CUT afirmou categoricamente, em publicação feita às 10h37, que o problema foi causado pela privatização da Eletrobras, apesar de ninguém saber “exatamente a causa”. “Ainda não sabemos exatamente a causa, mas a falta de pessoal qualificado, após a dispensa de milhares de trabalhadores experientes, a não reposição da mão de obra, os problemas com falta de equipamentos adequados e com a visão da atual direção da Eletrobras em distribuir lucros aos acionistas em detrimento dos investimentos necessários são responsáveis pelo apagão”, diz a matéria assinada por Rosely Rocha.

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